Quem é os EUA no tabuleiro mundial e por que interferem em outros países?

Uma superpotência moldada por guerras, economia e diplomacia

Os Estados Unidos se tornaram a maior potência global após a Segunda Guerra Mundial, consolidando sua liderança política, militar, tecnológica e econômica com a criação de instituições como a ONU, OTAN, FMI e Banco Mundial. Seu poder não se limita à força bélica (poder militar), ele está ancorado na influência sobre o sistema financeiro global, sobre o fluxo de informação (big techs), e na capacidade de construir alianças duradouras.

O dólar como moeda dominante

A influência americana cresceu junto com a confiança internacional em sua economia. Após a guerra, em 1944, o acordo de Bretton Woods consolidou o dólar como a moeda de referência mundial, sendo a única conversível em ouro. Mesmo após o fim da conversibilidade em 1971, o dólar permanece até hoje, como base para o comércio internacional, reservas cambiais e contratos globais, dada a estabilidade institucional dos EUA.

Por que os EUA interferem em outros países?

A atuação americana em questões internas de outros países se justifica, por três pilares:

  1. Segurança nacional e antiterrorismo;
  2. Defesa da democracia e dos direitos humanos;
  3. Proteção de interesses econômicos e geoestratégicos.

Isso se traduz em pressões diplomáticas, sanções econômicas (como a Lei Magnitsky) e apoio a aliados ou grupos opositores a regimes considerados autoritários, E os países que optam pelo confronto ao invés da diplomacia sofrem com taxações severas, abaixo cito alguns exemplos:

China

  • Motivo: Violação dos direitos humanos em Xinjiang, repressão a Hong Kong, e práticas comerciais desleais.
  • Tarifas: Desde 2018, tarifas de até 25% sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses.
  • Medida adicional: Restrição a empresas chinesas ligadas à vigilância e ao trabalho forçado.

Irã

  • Motivo: Repressão interna, apoio a grupos terroristas e violações nucleares.
  • Sanções: Proibição de exportações de petróleo (principal fonte de renda), bloqueio de ativos e restrição a transações bancárias.
  • Efeitos: O comércio internacional do Irã foi severamente reduzido, impactando duramente sua economia.

Coreia do Norte

  • Motivo: Regime autoritário, violação massiva dos direitos humanos e programa nuclear.
  • Sanções: Embargos quase totais, inclusive sobre petróleo, tecnologia e bens de luxo.
  • Efeitos: A Coreia do Norte é praticamente excluída do sistema financeiro internacional.

Rússia

  • Motivo: Invasão da Ucrânia, assassinatos de opositores e repressão à imprensa.
  • Sanções: Congelamento de ativos, bloqueio a bancos, proibição de exportações de tecnologia e tarifas extras em setores como aço e alumínio.
  • Exemplo: Tarifas aumentadas em mais de 100% sobre produtos russos como metais, vodka e diamantes.

Venezuela

  • Motivo: Autoritarismo, prisão de opositores, e repressão violenta a manifestações.
  • Sanções: Bloqueio de ativos, sanções à PDVSA (estatal de petróleo) e restrição ao comércio com empresas ligadas ao regime.
  • Efeitos: A economia do país colapsou e o comércio internacional foi profundamente afetado.

Para os EUA, manter a ordem global favorável aos seus interesses é questão de sobrevivência estratégica.

Quando e por que o Brasil entrou no radar dos EUA e se tornou alvo da guerra tarifária?

Nos últimos meses, o Brasil tem sido observado com atenção crescente pelos Estados Unidos, e a recente decisão americana de aplicar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros levanta uma questão delicada: o Brasil está sendo alvo de uma guerra tarifária?

Embora a expressão “guerra tarifária” costuma se referir a embates comerciais entre grandes potências (como EUA e China), muitos analistas consideram que as recentes sanções aos produtos brasileiros configuram uma forma de pressão geopolítica e diplomática, mais do que desequilíbrio comercial.

Quando o Brasil entrou no radar?

O Brasil começou a chamar atenção dos EUA após a posse do presidente Lula em 2023, com uma série de ações que contrastaram com os interesses da Casa Branca, especialmente sob a nova liderança de Donald Trump, reeleito em 2024. Entre os fatores que acenderam o alerta em Washington, destacam-se:

  • A aproximação e atuação com regimes autoritários, como Venezuela, Irã, Rússia e China

1. O mapa da Ucrânia com cores da Rússia

Em uma publicação oficial, o governo Lula utilizou um mapa da Ucrânia que apresentava a Crimeia – território ilegalmente anexado pela Rússia em 2014, nas cores da Rússia, causando constrangimento internacional. A atitude foi criticada por parecer uma relativização da soberania ucraniana.

2. Recepção de Nicolás Maduro com honras de chefe de Estado

O presidente Lula recebeu o ditador venezuelano Nicolás Maduro com honras oficiais, incluindo tapete vermelho e salva de tiros. A atitude gerou desconforto entre países vizinhos e nos EUA, que mantêm sanções contra o regime por violações de direitos humanos.

3. Defesa da desdolarização e aproximação dos BRICS

Lula tem defendido a criação de uma moeda alternativa ao dólar para transações internacionais entre os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Embora seja uma proposta econômica, ela contraria diretamente os interesses dos EUA e é vista como um esforço para reduzir a influência americana no comércio global.

4. Recepção a navios iranianos em portos brasileiros

Dois navios de guerra iranianos atracaram no Rio de Janeiro em fevereiro de 2023, com autorização do governo Lula, mesmo após pressão dos Estados Unidos para impedir a atracação. A presença foi interpretada como um gesto simbólico de aproximação com o regime do Irã.

5. Participação em comemoração da vitória soviética na 2ª Guerra Mundial

Em maio de 2025, Lula esteve na Rússia ao lado de Vladimir Putin para celebrar os 80 anos da vitória soviética sobre o nazismo, numa cerimônia marcada pela ausência dos líderes ocidentais e forte retórica anti-Ocidente. Sua presença foi interpretada como um gesto simbólico de alinhamento à Rússia.

6. Apoio à ex-primeira-dama do Peru investigada por corrupção

Lula recebeu e manifestou apoio à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, investigada por corrupção, reforçando sua tendência de solidariedade a líderes de esquerda mesmo em contextos jurídicos delicados. Esse apoio tem sido interpretado como desprezo por normas internacionais anticorrupção.

7. Levantamento de plaquinha por Cristina Kirchner

Durante evento na Argentina, Lula exibiu uma placa com os dizeres “Cristina Livre”, em apoio à ex-presidente Cristina Kirchner, condenada por corrupção. A atitude foi considerada uma interferência em questões internas de um país vizinho e um recado político contra instituições judiciais. O gesto foi interpretado como desrespeito às instituições judiciais argentinas e reforçou a imagem de alinhamento ideológico com líderes de esquerda da América Latina.

  • A postura crítica ao governo americano em conflitos globais, como no caso de Israel x Hamas

Lula condenou a ofensiva de Israel contra o Hamas, durante o episódio conhecido como “guerra dos 12 dias”, e chegou a comparar a reação de Israel ao Holocausto, o que provocou forte reação internacional. E por não condenar diretamente os atos de terrorismo do Hamas, suas falas foram vistas como parcialidade diante de um grupo terrorista reconhecido internacionalmente.

Essa posição acabou isolando o Brasil em votações na ONU e causou desconforto entre países que integram a OTAN.

Em julho de 2025, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organização intergovernamental que reúne países e especialistas comprometidos com a preservação da memória do Holocausto e o combate ao antissemitismo. O país era membro observador desde 2021, após aderir oficialmente em 9 de novembro daquele ano. O Ministério das Relações Exteriores de Israel reagiu com veemência, classificando a atitude como uma “profunda falha moral”, afirmando que o Brasil abandonou um consenso global contra o antissemitismo. Ao mesmo tempo em que rompeu com a IHRA, o Brasil aderiu a uma ação da África do Sul na Corte Internacional de Justiça, acusando Israel de genocídio na Faixa de Gaza. O movimento foi interpretado como não apenas diplomático, mas também ideológico, colocando o país em oposição direta à comunidade judaica globalizada.

  • As falas do presidente Lula contra o presidente Trump, chegando a compará-lo ao nazismo

Lula chamou o presidente americano Donald Trump de “nazista/facista”, o que, embora direcionado a uma figura específica e não ao país, contribui para desgastes institucionais com setores da sociedade americana.

  • O apoio público ao Hamas após ataques brutais em Israel, o que causou forte reação internacional

Em outubro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou grande controvérsia ao emitir declarações que, segundo veículos internacionais e lideranças políticas, relativizaram os atos brutais cometidos pelo grupo extremista Hamas contra civis israelenses, incluindo assassinatos de crianças, mulheres e idosos.

Embora o governo brasileiro tenha condenado genericamente “a violência de ambos os lados”, o presidente se referiu às ações do Hamas como uma “reação a décadas de opressão” e criticou duramente o governo de Israel, acusando-o de genocídio, sem reconhecer de forma enfática os atos terroristas cometidos.

EUA, União Europeia e Israel reagiram com indignação, destacando que o Brasil, naquele momento, ocupava a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU e deveria ter uma postura mais equilibrada e firme contra o terrorismo.

A repercussão negativa contribuiu para a perda de confiança nas relações diplomáticas com o Brasil e fortaleceu a percepção, em Washington, de que o governo brasileiro estaria se alinhando a grupos ou regimes hostis ao Ocidente democrático.

  • A tentativa de regular e censurar redes sociais de origem americana;

Desde o início desse ano (2025), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva intensificou esforços para apresentar uma regulação das plataformas digitais, atualizando o Marco Civil da Internet (2014). O Projeto de Lei 2.630/2020, conhecido como “PL das Fake News” ou “PL da Censura”, já havia sido aprovado no Senado, e por estar parado na Câmara dos Deputados por falta de consenso político, o presidente formou uma força‑tarefa composta por ministros (Justiça, Direitos Humanos, Casa Civil), além da AGU e da CGU, para elaborar um novo texto e levá-lo ao Congresso ainda neste semestre. Também há articulações internas para incluir as regras de redes sociais na proposta da comissão de regulamentação da inteligência artificial, bancada por parlamentares do Centrão.

Paralelamente, a AGU levou ao STF controvérsias sobre o Marco Civil da Internet, sinalizando que o Judiciário pode antecipar a regulação caso o Congresso não avance, numa clara parceria de fato entre Executivo e Judiciário.

O foco oficial da regulação é, que as plataformas tenham o dever de remover conteúdos considerados ilegais ou nocivos sem esperar decisão judicial formal. Entre os principais alvos estão o Facebook, Instagram e WhatsApp, prinipalmente após a empresa anunciar o fim da checagem por especialistas e transição para moderação pela comunidade, o que gerou uma reação imediata da AGU e uma exigência de explicações em 72 horas. O projeto tem sido chamado de “PL da Censura” por críticos, que alertam que a obrigação de remoção preventiva pode abrir brechas para perseguição política e silenciamento de opositores ideológicos.

Esse conflito iniciou há muito tempo no embate entre Alexandre de Moraes (STF) e Elon Musk (X)

O enfrentamento entre o ministro Alexandre de Moraes e as plataformas culminou em agosto de 2024 com o bloqueio da rede X, de Elon Musk, por descumprimento de ordens judiciais, instaurando conflitos legais e diplomáticos intensos.

A X publicou uma carta denunciando que foi forçada a cumprir ordens judiciais sigilosas sem direito a justificativas públicas, afetando a transparência e a liberdade de expressão. Elon Musk chamou Moraes de “ditador brutal” e alegou que a Justiça brasileira está censurando conteúdos políticos sem base legal visível, gerando repercussão internacional.

  • A atuação do STF contra cidadãos americanos naturalizados ou residentes nos EUA, com denúncias de perseguição política e restrição à liberdade de expressão.

Além da política externa, o governo Lula é criticado por opositores pela forma como lida com a oposição interna. Há denúncias de perseguição política e criminalização de adversários com base em decisões do STF, o que preocupa observadores internacionais e fragiliza a imagem democrática do país.

A suposta repressão à liberdade de expressão e a condenação abusivas de cidadãos, inclusive com dupla nacionalidade, acusados de participação dos atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

Cito alguns casos que podemos chamar de Penas Excessivas e Julgamentos severos sem provas consistentes:

  • Condenações de 17 e até 20 anos de prisão por participação nas manifestações, mesmo sem provas de envolvimento direto em vandalismo, ou tentativa real de golpe.
  • Retirada de perfis de redes sociais por decisão judicial sem processo legal formal;
  • Conflito direto com Elon Musk, após decisões do STF exigirem suspensão de contas no X (antigo Twitter).

  • A defesa de Trump a Bolsonaro

Após a “pré-condenação” do ex-presidente Bolsonaro que inclui o uso de tornozeleira eletrônica, sem julgamento concluído e com base em decisões do STF. Em um de seus discursos, Trump destacou que “a democracia está sendo ameaçada no Brasil”, e que “os patriotas brasileiros precisam de apoio, não de censura.”

Embora o atual governo americano, não tenha oficialmente citado essa relação, a tensão aumentou após declarações de Lula contra Trump, incluindo acusações de “fascismo” e interferência internacional. A diplomacia brasileira, por sua vez, tem reagido com críticas à postura dos EUA.

Para muitos analistas, a solidariedade de Trump a Bolsonaro somada à postura do governo Lula e do STF em relação à oposição pode ter contribuído para a adoção de sanções econômicas e tarifas mais severas, como uma resposta geopolítica mais ampla, não apenas comercial.

Brasil e Estados Unidos: uma relação histórica ameaçada

Parceria de décadas

A relação Brasil-EUA remonta ao século XIX, mas se consolidou no pós-guerra. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil (atrás da China), além de principal origem de investimentos diretos estrangeiros, cooperações tecnológicas, intercâmbios acadêmicos e colaboração em segurança.

Em quais setores o Brasil é dependente dos Estados Unidos?

  • Tecnologia e infraestrutura (internet, nuvem, GPS)

A dependência do Brasil em relação aos Estados Unidos nos setores de tecnologia e infraestrutura digital é profunda e estratégica. Envolve serviços vitais como internet, nuvem, satélites, inteligência artificial e GPS.

Entenda os detlahes:

Empresas americanas como Google, Amazon (AWS), Microsoft e Meta (Facebook/Instagram) controlam grande parte da infraestrutura de servidores em nuvem utilizados por órgãos públicos, instituições financeiras, escolas, universidades, startups e até setores do governo brasileiro.

  • Plataformas como Google Workspace, Microsoft 365 e AWS são amplamente usadas por ministérios, prefeituras e universidades federais.
  • A maior parte dos dados digitais armazenados no Brasil transita por backbones de empresas americanas.

Um rompimento com os EUA poderia dificultar ou encarecer severamente o acesso a essas tecnologias, forçando o Brasil a buscar alternativas menos estáveis, como infraestrutura chinesa ou russa, com riscos à segurança, integridade dos dados e compatibilidade com sistemas globais.

O GPS utilizado no Brasil para transporte, logística, agricultura de precisão, navegação aérea e marítima, aplicativos de mobilidade (como Uber e iFood) são controlados integralmente pelos Estados Unidos, por meio do Departamento de Defesa.

  • Sem acordo formal ou cooperação ativa com os EUA, o sinal pode ser restringido, degradado ou limitado, como já ocorreu em áreas de conflito.
  • A substituição pelo sistema chinês (BeiDou) ou russo (GLONASS), como supostas alternativas, não oferece a mesma cobertura, estabilidade e precisão, além de criar dependência de regimes não democráticos.

Empresas como OpenAI, Nvidia, Apple, Intel, IBM e Oracle são líderes mundiais em IA, hardware e sistemas operacionais. O Brasil importa a maior parte dessas tecnologias diretamente ou indiretamente dos EUA.

  • A inovação no Brasil depende de parcerias, licenciamento de software, uso de plataformas americanas, e capacitação via universidades e centros de pesquisa internacionais.
  • Um afastamento comprometeria o avanço em áreas estratégicas como saúde digital, educação à distância, segurança pública e defesa cibernética.

Se o Brasil se afastar dos EUA em meio à crescente tensão diplomática, poderá sofrer um grave retrocesso tecnológico, semelhante ao que ocorre em países como Cuba, Venezuela, Irã e Coreia do Norte.

  • Sistema financeiro global (SWIFT, bancos americanos)

Em um mundo globalizado, a conexão com o sistema financeiro internacional é fundamental para que um país tenha acesso a crédito, investimentos, comércio, financiamento externo e transações bancárias seguras. O Brasil está integrado a esse sistema, e a maior parte dessa infraestrutura é controlada ou influenciada por instituições financeiras americanas e europeias.

O SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication) é uma rede global que permite que bancos e instituições financeiras troquem mensagens seguras sobre transferências internacionais.

Com a exclusão:

  1. Bancos brasileiros não poderiam fazer transações internacionais — incluindo importações e exportações;
  2. Empresas multinacionais deixariam de investir ou operar no país, retirando capital e empregos;
  3. Investidores estrangeiros interromperiam ou retirariam seus ativos, derrubando o valor do real;
  4. Cidadãos não poderiam enviar ou receber dinheiro do exterior, nem pagar serviços como intercâmbio, remessas familiares, compras internacionais ou viagens;
  5. O crédito internacional seria cortado, prejudicando obras públicas, investimentos e parcerias de inovação.

Isso colocaria o Brasil em condição de quase isolamento financeiro, semelhante à situação da Venezuela ou de regimes autoritários sancionados.

  • Mercado para exportação (milhão, carnes, café)

O Brasil é um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, e os Estados Unidos são um dos principais compradores diretos e indiretos (por meio de multinacionais, redes de distribuição e mercado financeiro).

Se o Brasil perder o acesso ao mercado americano, isso resultaria em:

  • Perda direta de bilhões em exportações;
  • Excesso de oferta no mercado interno, derrubando preços para produtores;
  • Dificuldade de acesso a novos mercados, pois os EUA influenciam blocos como G7 e OCDE;
  • Redução do financiamento internacional ao agronegócio, que depende de bancos e investidores americanos.

  • Credibilidade internacional.

A imagem do Brasil como parceiro confiável está sendo arranhada por muitos fatores que ameaçam a entrada de investimentos estrangeiros diretos; o aumento do risco Brasil e, consequentemente, dos juros; a desvalorização do real e alta da inflação; e risco das Empresas estrangeiras sairem do país ou cancelarem planos de expansão.

O Brasil está tecnologicamente inserido no mundo ocidental democrático, e não possui infraestrutura própria suficiente para substituir o que hoje é oferecido pelas potências tecnológicas dos EUA.

Romper essa parceria é como desligar a energia de uma cidade moderna e esperar que velas e fósforos sustentem a economia digital.

Enquanto os Estados Unidos possuem diversas alternativas comerciais ao redor do mundo, o Brasil tem muito mais a perder, especialmente diante de uma economia fragilizada e altamente dependente da cooperação com potências democráticas.

A soberania nacional que o governo diz tanto defender, não se constrói com isolamento, mas com inteligência estratégica, equilíbrio diplomático e cooperação internacional.

Romper com o sistema financeiro global seria como desconectar o Brasil da economia mundial, e lançar o país em uma crise econômica, cambial e institucional de proporções históricas.

Nesse cenário, quem mais sofre é a população, com inflação, desemprego, fuga de empresas, escassez de produtos e aumento da pobreza.

Silêncio diplomático e aproximação empresarial

Nos últimos dias, têm ganhado força os relatos de que o governo americano estaria evitando contatos diretos com a diplomacia oficial do Brasil, mesmo diante das tentativas do Itamaraty de abrir diálogo, na minha opinião tardiamente, antes do prazo de sanções anunciado para 1º de agosto.

Segundo apuração de veículos como Estadão, O Globo e colunistas internacionais, Washington estaria sinalizando insatisfação com a postura recente do governo brasileiro, especialmente com seu alinhamento a regimes autoritários, ataques à liberdade de expressão e declarações contra o presidente Trump.

Percebendo a crise, empresas brasileiras foram pessoalmente aos Estados Unidos e conseguiram manter suas relações estratégicas com acordos que beneficiam ambos os lados, como mostra o recente acordo firmado com a EMBRAER, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, que fornece aviões tanto para fins civis quanto militares ao mercado americano.

Esse cenário reforça a urgência de uma política externa mais madura e estratégica, que priorize o diálogo e a estabilidade, sem colocar em risco as relações internacionais que sustentam parte significativa da economia e da imagem do Brasil no mundo.

Taxação de até 77%: a dura medida da Venezuela contra o Brasil

A recente decisão da Venezuela de aplicar tarifas de até 77% sobre produtos brasileiros surpreendeu o setor produtivo e expôs as contradições diplomáticas do atual governo. A medida foi oficializada após a saída da Venezuela de acordos comerciais do Mercosul, e representa um agravamento nas relações comerciais entre os dois países.

Embora o presidente Lula mantenha um discurso amistoso com o regime de Nicolás Maduro, inclusive promovendo recepções diplomáticas com honras de chefe de Estado, não houve até o momento uma reação firme por parte do governo brasileiro diante dessa retaliação econômica. A decisão de Caracas é justificada por suposta “proteção da indústria nacional”, mas analistas apontam desconfiança política e reequilíbrio de forças como motivadores reais.

O impacto para o Brasil

  • Exportadores brasileiros serão os mais prejudicados, principalmente nos setores de alimentos, higiene e bens industrializados, que tinham na Venezuela um dos últimos mercados da América do Sul com acesso facilitado.
  • A perda de competitividade abre espaço para países como China e Rússia ocuparem esse espaço.

Uma comparação inevitável e reveladora

Enquanto os Estados Unidos justificam suas tarifas de até 50% sobre os produtos brasileiros com base na defesa da democracia, da liberdade de expressão e em preocupações geopolíticas consistentes, a Venezuela, tratada como aliada pelo governo Lula, impôs sanções econômicas severas, com tarifas de até 77% sobre produtos brasileiros, alegando proteção à indústria nacional.

A reação do presidente Lula foi dura contra os EUA, com declarações inflamadas, chamando o presidente Donald Trump de “fascista” e acusando Washington de interferência nos assuntos internos do Brasil. Em contraste, diante da decisão da Venezuela, que causa impacto direto na economia brasileira, não houve qualquer manifestação pública de repúdio ou desconforto diplomático.

Essa discrepância nas respostas levanta questionamentos legítimos sobre os critérios de coerência e equilíbrio da política externa brasileira, indicando uma possível priorização ideológica em detrimento dos interesses comerciais e estratégicos do país, e reforça o alerta de que a ideologia não pode se sobrepor aos interesses econômicos e soberanos do país.

Um alerta ao cidadão brasileiro

Diante de tantos sinais de alerta no cenário internacional, é fundamental que o povo brasileiro compreenda a gravidade do momento que vivemos. As decisões políticas tomadas hoje, seja no campo econômico, diplomático ou institucional, terão impacto direto na vida de cada cidadão, do produtor rural ao trabalhador urbano, do pequeno empreendedor ao jovem estudante.

O Brasil está em uma encruzilhada. Isolamento, sanções e perda de credibilidade internacional não são apenas questões geopolíticas abstratas, são riscos concretos que podem comprometer empregos, investimentos, tecnologia, acesso a mercados e até mesmo liberdades individuais.

É dever de todo brasileiro cobrar responsabilidade de seus representantes, que foram eleitos para governar em nome do povo, e não de interesses ideológicos ou alianças questionáveis. A soberania nacional se protege com diálogo, equilíbrio e respeito à Constituição, não com confrontos, perseguições ou silêncio diante de injustiças seletivas.

O futuro do Brasil não pode ser decidido à margem da sociedade. É hora de estarmos atentos, informados e participativos. Ainda é tempo de corrigir o rumo, mas é preciso coragem e consciência coletiva para isso.

 

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